O braço partido

1 Maio , 2017

A Caetana é, tal como as irmãs, uma aventureira. É destemida, é curiosa e quer fazer tudo o que a Carlota e a Concha fazem. Sábado pediram para ir andar de bicicleta e enquanto o pai fazia kitesurf no Guincho, fui com elas para o paredão do Estoril. Quer dizer, o plano era ir para aí andar com elas, mas nem 5 minutos lá estivemos.

Parei o carro, equiparam-se com os capacetes (fundamental e sem eles nunca mais nenhuma delas anda de bicicleta) e lá iam as 3 felizes e contentes. As duas mais velhas são umas prós e até a Conchinha, que ainda não tirou as rodinhas, é uma flecha de tão rápida que pedala e depois vai a Caetana sempre a ver se as apanha.

Quando chegámos à rampa perguntei à Caetana se precisava de ajuda para descer aquela parte, mas ela muito rápida disse logo que o pai já a tinha ensinado a travar. Pelo sim, pelo não pedi para mostrar e como o fez confiei. Confiei mal, aliás confiei muito mal :(

Mal começou a descer e lhe disse trava e vai devagar, percebi que ela sabia tudo menos travar bem e foi desgovernada até ao fim, onde deu uma grande, mas mesmo grande queda. Fiquei em pânico! Senti-me uma inconsciente, até porque estava a ver tudo e não consegui ajudar. Não consegui correr para a tentar agarrar e só pensava “Ai meu Deus de uma lado tem o a parede em pedra, do outro um muro, isto vai acabar mal”. Com a velocidade que ganhou na descida, caiu com um força enorme e de cabeça no chão com a bicicleta por cima. Eu vi a cabeça bater no chão e não tenho a menor dúvida que se não levasse capacete tinha sido muito grave.

As irmãs voltaram aflitas para a ajudar. Eu cheguei e peguei nela que assustada chorava imenso, claro. Levantei-a e vi que estava bem. Não tinha feridas e mexia tudo, mas dizia que doía o braço. Fomos até ao bebedouro lavar.

Já calma pediu para voltar a andar de bicicleta, mas mal se sentou percebi que não conseguia segurar bem no guiador com a mão esquerda. Vi  o braço e achei que estava torto. Olhava para os dois e não estavam iguais, sentia um alto no que lhe doía. Ela não chorava e mexia razoavelmente, por isso partido não achei que estivesse, mas o sexto sentido de mãe fez-me sair dali directa para o hospital.

Sorte de ter tantos amigos em Cascais, as duas mais velhas ficaram logo com a M para conseguir dar toda a atenção à Caetana, que continuava calma e sem grandes dores. Comecei a achar que se calhar estava a exagerar e era apenas magoado. Parei à porta das urgências do Hospital de Cascais e perguntei a um dos bombeiros que lá estava se podia ver o braço dela.Quando o viu disse logo para entrar que alguma coisa ela tinha e não estava normal.

Não estava mesmo! Saiu com gesso e com o braço de novo direito. Fez uma microfratura que mal se via, mas foi a causa de lhe fazer dobrar o osso. Foi uma campeã que só estava chateada de lhe terem dado uma pulseira amarela, em vez da cor de rosa que me puseram a mim ;)

Próximos dias muito mimo, e truques para entreter esta miúda que mesmo com o braço assim pede para ir fazer surf.

Mães que já aconteceu igual, como aguentaram a ligadura duas semanas se no segundo dia está um nojo?