Mentirosa, nem pensar
Se há coisas que nós mães temos, um sexto sentido muito apurado para tudo o que tenha a ver com os nossos filhos, é uma delas. Eu desde há algum tempo que sinto e até já aqui disse, que a Conchinha é uma filha que me vai dar algumas dores de cabeça, por causa da sua maneira de ser. É querida (muito mesmo), é simpática, muito bem disposta, mas depois é teimosa, caprichosa, desafiadora e tem uma personalidade fortíssima e muito vincada. A esta lista de coisas menos boas, tenho agora que acrescentar uma péssima, uma que tenho de conseguir que acabe JÁ. Mentirosa. Mentirosa e cheia de esquemas, com apenas 3 anos (parece enorme, mas só faz 4 em Dezembro). Tirando aquelas pequenas coisas (que já me irritam e não gosto) como o lavaste os dentes, levaste brinquedos para colégio, etc… esta semana conseguiu enganar, “à séria”, o professor de judo e até o pai. A mim também enganou, se bem que eu fiquei com a pulga atrás da orelha, de tão bem que a conheço.
A história nem tem nada de especial, mas se começa com esta idade a fazer destas, imagino daqui para a frente…ou não imagino, porque eu tenho de conseguir que perceba, o grave que é mentir.
Sempre que têm judo, à noite, vou às mochilas tirar o fato para ver se está sujo e dobrar melhor, que as duas para se despacharem a vestir, enfiam-no à pressa todo enrolado. Quando vi o fato da Concha impecável, sem uma ruga, todo dobradinho, chamei e perguntei, se não tinha feito judo.
– Fiz, claro que fiz.
– Mas porque não vestiste o fato?
– Eu vesti.
– Concha, o teu fato está muito bem dobrado, diz lá a verdade.
– Eu fiz com esse fato.
– Então quem dobrou?
– O senhor. (o senhor é o professor)
Já quando chegaram tão rápido a casa, eu tinha achado esquisito, porque ela é sempre a última a sair. Demora horas na brincadeira a vestir-se, fica sempre mais uns 20 minutos, meia hora, mas nesse dia chegaram bem mais cedo do que o normal. É aqui que falo no sexto sentido de mãe, o H nem estranhou.
Desconfiada, não falei mais no assunto, até que no dia seguinte, chega a Carlota a casa e diz muito rápido.
– Mãe, a Concha é uma granda mentirosa. Ela ontem disse ao professor (que é o mesmo das duas) que não tinha levado fato e fez com a roupa que levava vestida. Ele está muito zangado por ela o ter enganado. Ai Concha amanhã, quando fores tu, nem sabes o que ele te vai dizer…és muito feia, sabias?
Acreditam, que depois de ouvir isto, em vez de ficar aflita deu uma enorme gargalhada com cara de gozo!
Esta semana vou tentar perceber se gosta ou não do judo, se pode ser essa a razão do que está a fazer, mas com muita conversa pelo meio para que entenda também que não se pode e é muito mau mentir.
Dicas e sugestões? Mais casos parecidos por aí?
Não é Joãozinho… É a história do Pedro e do Lobo. Lol
Visto de fora não deixa de ter graça, está miúda é uma "peste"
Ideias , não tenho.
Beijinhos
Credo ana, as fotos estão lindas lindas! O blog está a evoluir bastante: cada vez escreve melhor e as fotos ajudam! Continue assim!
Grande marota a Conchinha, mas se calhar é como a Ana diz., se calhar não gosta de praticar judo.
Adoro o kit rosa e fica lhe tão bem!!!
A Matilde já viu a história do "Pedro e do Lobo" na versão "Barney e seus amigos", que ela adora, e nunca se esqueceu da mensagem! Quando se fala em mentira lembra-se logo da história :) Experimente!
Ana, recomendo a criticar a ATITUDE e não ela. "és muito feia" critica a ela e não a atitude. Há que reprovar a atitude. Porque se ela interioriza que é feia, é porque é feia e não precisa de fazer as coisas bem porque as feias fazem coisas más. Não sei me explico….
Palpito que a Concha gosta de testar os limites dos outros e ganhar :)
Sim, explica. O que a Maria está a querer dizer, é o facto de se dizer coisas como "és feia!" ou "és má", é uma legitimação do acto. Os meninos maus fazem coisas más, logo na cabecinha da Concha, ela pode vir a achar que não estão à espera que faça "coisas" boas. Mas também não ache que esta pequena mentira, vai virar altos dramas, faz parte do crescimento e ver até onde "podem esticar a corda", cometeu um acto grave penalize, independentemente se ela gosta ou não gosta do judo, para a Concha perceber que as más acções têm penalizações.
Oh Ana a minha Margarida (7 anos) é igual…Às vezes fico tão chateada, frustrada, que nem sei que lhe faça :D Mas o que, de facto, faço é explicar (depois de eu própria me acalmar primeiro!) que é muito feio mentir, levar coisas escondidas para a escola (a minha tinha a mania de levar escondido na mochila fantasias de Carnaval para vestir no intervalo!)… Enfim, muita, muita conversa e sempre, sempre, a pulga atrás da orelha! Agora percebo porque engraço tanto com esta sua filhota!
Kit lindo, lindo!
beijinhos e boa sorte!
Bom dia Ana.
Penso que dizer mentiras é diferente de ser Mentiroso. Não sei se foi o caso, mas dizer algo como "Conchinha não sejas mentirosa" poderá fazer com que ela adopte como comportamento o que pode ser somente uma caraterística ocasional.
Nós próprios podemos estar a dar o exemplo sem nos apercebermos. Há sempre aquelas mentiras piedosas como dizer que nos dói a cabeça quando não nos apetece sair ou dizer que não estamos em casa quando não queremos ir ao telefone. São coisas simples e inofensivas, mas os miúdos absorvem-nas e podem pensar que não é mau fazerem-no em outras situações.
A Ana diz que já a conhece muito bem, o tal sexto sentido. Se se aperceber que a Concha está a mentir, tente não fazer-lhe a pergunta de modo a que ela responda e minta. Tente ir pelo outro lado, como por exemplo " Conchinha hoje não fizeste judo com o teu fato. Não gostas do fato?" Assim, ela poderá começar pela verdade, a razão da mentira, e chegar à conclusão que mentir não é bonito e não deve ser feito. Premiá-la por chegar a essa conclusão é mais positivo do que ralhar por ter mentido.
Acho que isto é o que chamam desconstruir para construir :)
Não tenho filhos, mas tenho sobrinhos e tento estas técnicas com eles. Pode não dar sempre resultado, mas vamos adaptando.
É verdade Célia, é assim que fazemos cá em casa e trocamos-lhes as voltas… : )
Aqui está a resposta q daria, desconstruir para construir! É exatamente, por volta dos 3-4 anos, período coincidente com uma forte imaginação, que as mentiras surgem. Nesta altura, a criança percebe que o adulto não tem acesso ao que pensa e testa a aquisição de novos conhecimentos através da narração de histórias ou simplesmente procura justificações para as suas acções em motivos fantasiados, repletos de imaginação. Por exemplo, justificando a desarrumação do quarto culpando o lobo mau que desarrumou os brinquedos. A separação entre realidade e fantasia pode ser ténue e portanto as mentiras podem surgir num contexto de actividade imaginativa que não deve ser punida; os amigos imaginários são um óptimo exemplo.
Olá Ana, todos gostam de fantasiar, criar as suas histórias e fantasias, num mundo que é só deles e das suas cabecinhas : ) e todas as crianças são mesmo diferentes! O nosso Duarte (o do meio) e já tem sete anos, sempre foi assim, desde pequenino, adora inventar (ou mentir) e fá-lo tão bem que por vezes me dou conta que estou sempre a desconfiar do que diz (são as nossas pulgas atrás das orelhas lol) mas também é o mais criativo dos três cá de casa!!! Acho que vai para o teatro… Por vezes o mais velho (com 12 anos) também é apanhado a mentir, mas por coisas tão insignificantes, que não dá mesmo para perceber, nem ele consegue explicar… o mais pequeno de 3 anos agora diz sempre 'não fui eu!' quando foi lol só dá vontade de rir, porque a mãe apanha-os a todos. Tento sempre compreender o ponto de visão deles (porque nós também já mentimos, já fomos da idade deles…) Aprendemos e tento transmitir-lhes que podem confiar em nós e que a mentira tem perna curta (como dizia a minha mãe). Talvez a Conchinha nesse dia quisesse mostrar ao Professor ou aos amigos a sua indumentária, e como é bonita sem estar sempre na aula com o fato de judo… lol
Abraço e muita paciência, amor e compreensão : )
Ana, sei que nada tem a ver com este post, mas para quando uma "Vendinha" com as roupinhas das 3 C´s? São tãooo giras. Sei que já disse algures que passam para as suas sobrinhas, mas quando já não lhes servirem também, pense nisso! ;)
Obrigada e um beijinho, Mónica
Isto sim, um blog real e crianças que são espetaculares mas também tem coisas menos boas e portar-se mal. Não como o outro blog daquela senhora cujas filhas sãos perfeitas e maravilhosas e são felicíssimas. Aconselho a lerem a história das miuda australiana com 19 anos que se fartou de fingir a felicidade que tentava demonstrar e que atrás das fotos perfeitas estava uma pessoas realmente com defeitos e problemas. Parabéns pelo blog Ana.
Sem dúvida!