A filha mais velha
A filha mais velha cá de casa é a irmã mais querida, responsável e divertida que as manas pequeninas podiam ter. Está sempre pronta para ajudá-las quando não conseguem fazer alguma coisa, chama a atenção se estão a fazer alguma coisa errada e é a primeira a pôr as músicas do panda preferidas das duas para ensiná-las a dançar. As três juntas cada vez se divertem mais, o entendimento entre todas é enorme e o Amor que sentem umas pelas outras não engana ninguém. Está estampado na cara de todas em muitas e variadas ocasiões e circunstâncias, mas principalmente naqueles momentos que alguma chega a casa e os beijos e abraços entre todas demoram uns cinco minutos para terminarem e o brilho nos olhos de todas é gigante.
Adoram-se é verdade, mas também adoram os momentos que passam sozinhas connosco, aquelas alturas que são um bocadinho filhas únicas e que têm a atenção toda para elas. Tento e faço muitos programas assim e até agora tem corrido bem, tenho achado que são produtivos e tenho achado que fazem bem a todos, até mesmo a nós como pais. Nem sempre dá para ouvir as histórias meio inventadas, meio verdadeiras da C. grande que já adora ver filmes e telenovelas:
– Oh mãe eu já tenho 6 anos e sou muito crescida, por isso posso ver a telenovela? Ainda por cima aparece o tio M. amigo da mãe, por isso não faz mal nenhum pois não?- um dos argumentos dos últimos dias para ficar estendida no sofá como gente crescida até bem mais tarde do que eu gostaria, mas como uma das regras das férias é não haver horas para deitar, lá tenho eu muitas vezes de estar aqui a fazer sala, para não passar a vergonha de ir para a cama mais cedo do que ela (e para não a deixar já com o poder do comando da televisão).
Se há programa que a Carlota adora é ir para a praia, fazer os desportos radicais do pai. Se ele vai para o Kite surf, ela ajuda a encher a asa e sobe para as cavalitas para saltar com ele. Se o programa é surf, ela veste o fato e vai para as espumas tentar pôr-se em pé e apanhar as ondas como o pai ensinou e como ele faz. Passa o resto do tempo a fazer cambalhotas, rodas e pinos na areia sem se cansar e de vez em quando lembra-se de mim e pede para jogar ao macaquinho do chinês, ou à sardinha, porque já sabe que o melhor que pode fazer comigo é alguma coisa que me mantenha sentada na toalha.
Hoje falou tanto e contou tantas histórias que acabou por dormir um bocadinho na toalha, coisa rara desta miúda que diz que as sestas são para os bebes.
Uma tarde onde não teve de ouvir:
– Carlota ajuda a Caetana a tirar os sapatos, Carlota ajuda a levar a mochila dos brinquedos que a Conchinha não consegue, Carlota ajuda isto e Carlota ajuda aquilo. Nesta tarde ela não teve de ajudar em nada e deve ter gostado muito desta sensação, porque não nos podemos esquecer que ela também é pequenina e precisa de ser ajudada.
Uma tarde cheia e só dela, dois dias antes de partir com a Conchinha para as férias com os avós e com a tia S. Estão tão desejosas que todos os dias perguntam pelo menos 3 vezes quantos dias e quantas horas faltam para irem.
Confesso que até eu conto os dias para descansar que isto de passar os dias inteiros a tentar fazer programas diferentes ou mesmo iguais com todas deixa qualquer Rambo deitado por terra e eu nem músculos tenho.
Uma filha doce, sensível, querida, inteligente e muito amorosa que também precisa gritar…a minha filha mais velha, a primeira que me mostrou o bom que é ser mãe.
Bom fim de semana.
Tem um ar tão doce a Carlota :)