Mãe

Escrevo este post em forma de desabafo e para que um dia, quando chegar a minha hora, as minhas filhas ao lerem não fiquem tão tristes nem se sintam culpadas por terem de tomar uma decisão tão dura.

A mãe vai para um lar e apesar de estar com um aperto gigante no coração, apesar de me cairem lágrimas várias vezes ao dia por causa disso, sinto que é o melhor para todos e sinto, principalmente, que o lugar para onde vai foi uma óptima escolha. Lá senti paz, tranquilidade e amor. O nosso Amor não vai faltar porque  vai ficar bem pertinho e as visitas serão uma constante, mas acredito que do que já vi e senti, também lá irá receber muito carinho e atenção. Ao ter capela e missa duas vezes na semana sei que isso a deixou feliz. Tem a possibilidade de ir ao jardim onde adora ficar sentada a apanhar sol e teve ainda a felicidade de ter a irmã com ela. A sua querida irmã mais velha!

Não vamos pôr a mãe no lar por causa da queda que teve , que essa recuperação até está a correr bem. Ela tem 89 anos e já demonstrava alguma demência, que agravou muito com os confinamentos e covid e agora muito mais, depois de ter partido o colo do femur e ter passado por todo o processo. Se antes podia ficar sozinha, hoje em dia já não saímos descansados e isso juntando às noites terriveis que tem dado por não dormir, com algumas coisas que vai baralhando e dizendo, por muito duro que seja, o sair daqui era fundamental. Não havia a hipótese de ter uma pessoa mais cá em casa por falta de espaço e por falta de possibilidade financeira também.

Não peço que todos aceitem ou concordem com a decisão, até porque só a nós diz repeito e só nós sabemos o que é melhor ou pior para a nossa família.

Não é fácil para ela, nem para nós e sei , por muitas mensagens que recebi, que tantas pessoas passam pelo mesmo e são apontadas como maus filhos o que ainda dói mais. Não liguem, haverá sempre que goste de opinar e julgar sem saber ou sem querer perceber. É fácil quando não se está no lugar…

Felizmente estou bem comigo e com a minha consciência e peço às minhas filhas que um dia ao lerem este post se lembrem que se tiverem de tomar a mesma decisão eu, mesmo que na altura não pareça, irei perceber e entender de coração.

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