Desistir é ou não sinal de fraqueza?

Quando pensei e tomei a decisão de correr a maratona em Outubro, sabia que não ia ser tarefa nada fácil, principalmente porque a grande parte do treino seria feita em pleno Verão com férias e calor à mistura. No inicio achei que todos exageraram, achei que com algum esforço, alguma motivação e muita dedicação eu ia conseguir. Não tenho como certo que não consiga, mas vejo cada vez mais longe a possibilidade de correr 42km com estas pernas, sem cair a meio para o lado.

Nesta altura já devia estar a correr mais km sem deitar a língua de fora logo no inicio (mas deito ainda nem chego aos 3km). Já devia estar com as pernas mais leves e mais ágeis (mas elas teimam em não obedecer e parecem muitas vezes dois troncos pesados). Já devia estar a correr mais rápido mas o relógio é raro descer e antes pelo contrário tem marcado tempos mais lentos e demorados. Já devia conseguir correr melhor mesmo com as temperaturas mais altas mas mesmo esperando pela hora fresca (o que é uma grande seca e condiciona tanta coisa nesta época de férias) a minha garganta fica seca nos primeiros 5 passos e a cara até ferve tal é o calor que tenho e sinto, para não falar que escorro água de tanto suor (não é mal cheiroso, vá lá menos mal).
Sei que desistir é para os fracos e neste caso até me sinto um bocadinho assim o que me deixa irritada e triste comigo própria, mas correr o risco de ter uma lesão só porque sou teimosa também não me parece muito sensato. Correr só para provar que aos 41 se conseguem fazer coisas que muitas de 20 não, também me parece muito parvo.Vou continuar a correr e a treinar, mas acho que para uma maratona que seja mais em tempo frio (quem sabe até não me inscrevo numa lá fora e mato dois coelhos numa cajadada só). Acho que nada melhor do que admitir os limites e esta é também uma das coisas que quero ensinar às Cs., nem sempre desistir é sinal de fraqueza, assumir que não somos capazes também é uma coisa forte que muitos não conseguem fazer.
Do próximo ano não passa, e por agora as corridas serão mais para continuar este percurso que tenho adorado (não que ainda adore correr), fazem-me sentir bem comigo própria, bem com o meu corpo e bem com a minha cabeça que fica tão mais leve no final de cada treino.
Para Todas as corajosas que vão fazer a Maratona de Outubro (eu ainda não estou mentalizada e tenho a certeza da minha desistência, pode ser que o meu corpo ainda esteja a adaptar-se a este tempo de Verão e eu consiga) muita força de vontade, muita coragem e pernas, eu estarei lá para dar força e aplaudir de pé.

Assim sendo e nada a ver…um dia na praia com as mais velhas, um final de tarde a correr. Dias de férias bons, cheios de muita água salgada, muita areia e muito sol. Dias cheios de histórias para contar (ontem foi o amigo novo que fizeram enquanto brincavam aos nadadores salvadores), cheios de mimo da mãe, cheios de comida (nem imaginam o que estas 3 devoram na praia, às vezes até penso que vão rebentar), cheios de tudo o que crianças têm direito em tempo de férias, em tempo de brincadeiras.

Hoje estou a pensar numa surpresa para o final do dia. Um piquenique no jardim, junto ao Rio Tejo a ver o pôr do sol. Coisas boas desta cidade Linda onde moramos.